Adrielly,teimosa como só ela! Corria pela casa,chamando sua avó para brincar de esconder. Em dado momento,tropeçou em algo e caiu.
Abriu o berreiro,se lamentando:
-Tá doendo! Tá doendo!
-Falei pra não correr feito doida. Disse sua avó, enquanto lavava os pratos.
Depois de acalmá-la,sua avó voltou ao que fazia,dizendo-lhe:
-Chore não mulher! Vai passar. E assim que eu acabar esses pratinhos a gente brinca. Tá bom?
-Ta doeeeen-do vó!
-Deixe vovó acabar,já falei.
A menina olhava a avó contrariada,insistia que não ia parar de doer.
Sua avó, calmamente brincava com a situação, enquanto falava que tudo passa,nada dura para sempre. Mesmo a dor,uma hora acaba.
-Vó…tá doendo muito!
-Vovó já olhou. Nem machucou tanto!
-Machucou muito,sim!
-Deixe de fazer zuada,menininha de vó!
A avó olhava para a neta com um sorriso contido. E falava de como sabia o que era sentir dor. Por isso,sabia que ia passar.
-Mulher, vovó ama essa menininha dengosa, linda!
-Você já tabou de lavar os platos vó?
Perguntava ela,com seu linguajar próprio da fase. Tinha cerca de três anos e dois meses. E a cara mais sapeca e amada de toda a família.
-Falta só limpar a pia. Tô indo!
-Quer passar aquela pomada da vó?
-Telo não!
-Por quê?
-Vai doer muito vó!!
-Vovó sabe que quando a gente sente dor,pensa que não vai passar. Mas passa.
A menina berrou ainda mais alto. Impaciente pela dor e por esperar os dengos de sua avó,como de costume.
Mas,pouco a pouco ficava mais calma. Esperando que a avó,enfim, terminasse aquela limpeza na pia
-Quando você tabar,a gente vai blincar de escondê?
-Melhor não,você pode cair outra vez.
-Vó,eu não vou tair...você vai contar: dois,cinco,nove e eu vou escondê.
-Tá bom,a gente brinca depois.
No rádio tocava uma música. Ambas concentradas nos seus próprios pensamentos,ouvia o rádio sem saber quem ou que cantava.
Adrielly fez mais uma reclamação. Sua avó tornou a afirmar que a dor iria passar,ouvindo a mesma resposta.
Enquanto,terminava de organizar a pia. Viu um olhar de confirmação de suas palavras.
Porém,a menina a olhou meio de lado e voltou a olhar para o quintal. Estava sentada no banquinho,ao lado da pia,onde sua avó a colocou até poder lhe dar toda a atenção.
Agora, totalmente calma, já não segurava impaciente o paninho que sua avó lhe emprestou para cobrir o arranhão superficial no seu joelho esquerdo. Mais um para sua coleção.