quinta-feira, 22 de maio de 2025

Genealogia

Eliane estava muito feliz,foi a idealizadora da festa de 83 anos de seu pai.Reuniu quase toda a família, somente quem vive fora do Estado não estava lá, presencialmente.
Seu Ildebrando estava radiante,fazia tempo que não via tanta gente em casa:filhos,netos,bisnetos,alguns conhecidos da rua...seis dos dez filhos fazendo sua alegria.
Na hora de montar um pequeno mural, Eliane chamou algumas das sobrinhas, noras e sua irmã caçula.Então,Norminha  (sua nora) perguntou:
–Como será? Primeiro só os filhos e depois os netos ou cada filho com suas crias?
–É melhor na ordem cronológica: do filho mais velho até a mais nova,que a Tamara.Sugeriu Nalva, umas de suas cunhadas.
Aí começou um fuzuê,se ouvia nomes e idades sendo ditas pelo corredor e na sala,onde elas estavam.
Ao ouvir cada nome e a respectiva idade,ela se encolheu e decidiu organizar aleatoriamente.Conservando cada família formada por seus irmãos e irmãs.Deixando seus pais no centro,colou corações em volta da foto.Recortados ali mesmo por ela.
–Tia...ficou bonito assim.Disse Lica,sua sobrinha e afilhada.Depois cochichou no ouvido de seu pai:
–Tia Eliane não aceita que minha mãe seja mais nova que ela,fazer o quê?
 –Tem gente que não se aceita e ainda acha que tem o direito de ter o que o outro tem...
Riram se olhando com cumplicidade,a festa foi boa.No início da noite,cada um dos presentes se despedia de seu Ildebrando.




Valdelice Nunes 
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domingo, 18 de maio de 2025

Letras do Silêncio

Os olhos diziam algo incompreensível
ao mundo das palavras.
Diziam sobre:
respeito
acolhimento 
aceitação.
As dores se reconheciam
não havia piedade,
os silêncios se ouviam.
As almas seguiam dançando
ao som da liberdade
Compreendiam as faces do amor
e tudo se refazia.




Valdelice Nunes 
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domingo, 11 de maio de 2025

Ramificações


Durma comigo,acorde com os raios do sol nos tocando levemente 
Caminhe comigo entre as romãnzeiras,no final do dia,ouvindo vozes da natureza em sinfonia.
Seja essa luz que irradia amor nos levando a um mundo repleto de 
outros mundos 
Em cada mundo viva de modo próprio,sem deixar de estar em mim
E,se eu ficar caduca esse amor será a nossa eterna conexão.
A raiz que liga tudo...as folhas que realizam a grande respiração 
Dos frutos surgem outras vidas,assim somos perenes.



Valdelice Nunes 
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quarta-feira, 7 de maio de 2025

O Sobrenatural

Dona Du era católica fervorosa,comandava o grupo de orações da igreja no bairro onde morava.Não perdia uma missa,estava nas procissões e nas novenas,organizava os serviços referentes à rotina da comunidade cristã.
Toda essa fé estava dividida com outras crenças.Sempre que tinha pressa em saber respostas para casos estranhos ou inesperados,ela recorria aos poderes sobrenaturais de uma experiente cartomante. E se dirigia à Rua Kamartelo,no centro,para a senhora tirar as cartas.
Foi assim no dia em que sentiu falta de vinte cruzeiros que havia deixado sobre a mesinha de seu oratório,no corredor da casa,ao lado da cristaleira.
Então,foi onde estava seu afilhado Fernando e suas netas que brincavam com a meninada da rua,na frente da casa, e perguntou quem viu o dinheiro no lugar onde ela tinha deixado durante a noite.
As crianças se entreolhavam desconfiadas e ao mesmo tempo cheias de dúvidas.
Dona Du avisou que iria logo mais na casa da Maria das Cartas, quando voltasse saberia quem se apropriou dos vinte cruzeiros.E,assim fez.
No final da tarde,voltou com uma cara nada amigável.Ao entrar na casa gritou pelo afilhado,que morava com ela desde os cinco anos.As duas netas ficaram no quarto sem dizer nada.Após uma breve gritaria,o menino foi dormir mais cedo,de "couro quente".




Valdelice Nunes 
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Genealogia

Eliane estava muito feliz,foi a idealizadora da festa de 83 anos de seu pai.Reuniu quase toda a família, somente quem vive fora ...