Penedo-Al,18 de Abril de 1993
Querida Cris,faz alguns anos que você foi morar em outro estado,ainda hoje não me acostumei com sua ausência.
Ainda tem você nas ruas e becos que guardam nossas memórias desde crianças até o final da nossa adolescência. Crescemos juntas,estudamos no Clementino do Monte. A Praça Senhor dos Pobres pode contar muito da nossa história.
Foi na porta lateral esquerda, naqueles degraus,que meu primeiro amor se declarou para mim,lembra?
Ontem,veio no pensamento o dia que conhecemos Henrique. Era Carnaval,a gente se preparou para dançar todas as músicas.
Lá na Praça 12 de Abril,o trio elétrico posicionado de modo que tapava o Museu do Paço Imperial,a multidão ocupava todos os lados da praça. E se espalhava pela ladeira da Ceal. Nós duas não ficamos bem na porta da Igreja Nossa Senhora das Correntes, dançamos a noite toda!
Então ele passava dançando pela gente,e da rua fazia uns sinais doidos. Passou umas quinze vezes. Na última,veio e se apresentou, não saiu mais de perto da gente.
Grudou em você,fez questão de nos acompanhar a pé até o Bairro Vermelho,ficamos lá na palhoça conversando.
Eram cinco...quase seis da manhã. Ficamos ali falando sobre a festa,as músicas e coisas que a gente gostava. Enquanto chegava coragem para cair nas águas do São Francisco. E foi o que fizemos.
O amigo dele não me agradou,foi embora meio aborrecido. Já vocês,nunca mais desgrudaram.
Até qualquer dia! Espero muito rever vocês e os meus sobrinhos lindos.
Beijão
Ivone
*Todas as cartas desta série tem como objetivo principal mostrar flashes de momentos históricos da minha Penedo.