Há alguns absurdos que escuto e com o tempo,ganham certo sentido.
Outro dia,sentada num dos bancos da orla,ouvi duas moças conversando sobre mitologias e religiões. O diálogo estava interessante,admito.
– Vai dizer que nunca ouviu nada sobre imortalidade, Lídia?
– Ouvi...tantos filmes falam disso,até os animes. Não tô acompanhando seu pensamento,Nadine. Só isso.
– Agora foi que deu! Escute! Eu digo que a maçã é o fruto da juventude imortal. Ele era guardado pela deusa nórdica Idun.
– Nadine...agora lembrei,a Bíblia diz que a maçã é o fruto que fez Adão e Eva serem expulsos. Aí a gente como seus herdeiros:pecamos e morremos!
– Isso é o que querem que a gente acredite. Se o conhecimento mata, também gera vida. Mágica,que somos capazes de realizar.
– Sendo assim,amiga louca...só você Lídia! Mas eu amo suas doidices. Sendo assim a maçã envenenada da Branca de Neve foi um tranquilizante que a induziu a um coma de cem anos. Quase igual à cesta das maçãs da deusa,que nunca ficava vazia.
– Eu não sei nada disso. Mas respeito sua forma de compreender.
– Você disse que temos habilidades mágicas,cara Lídia!
– Nada disso,Nadine! Eu dizia que o ser humano busca a imortalidade desde sempre. Pois na lenda de Idun,os deuses escandinavos nasceram (muitos deles) de uma raça mista. Nem todos eram imortais. Então ela lhes dava maçãs para que vivessem por incontáveis anos e livres de doenças.
– Agora faz sentido aquela música,Lídia.
– De que música você tá falando?
– Aquela que diz: "Não tenha medo desse amor bonito/nosso amanhã/ah,meu beijo anjo/não tem nada de pecado/só tem gosto de maçã"...
Depois dessa,foi impossível segurar a risada.
Valdelice Nunes
imagem > Google
Trecho citado da música "Anjo Azul",interpretada por Markinhos Moura. Composição: Paulo Debétio