Foi um dos muitos negros desse país que foi colocado lá para morrer,sem saber (?).
Mas ele voltou para casa,chegou sem roupa e doente.
Viveu muitos anos,o suficiente para contar como foram aqueles dias de terror.
Tia Didi contava tudo com misto de dor e de humor.
Eu sou um dos galhos dessa gigantesca árvore...sou continuação,sou registro do amor e das saudades.
Quando me vejo no espelho,meu crespo volumoso,a boca a pele cheia de misturas,os olhos com memórias que vieram e continuam lá...
Compreendo que não há vida sem mistura,mesmo que teimem em negar.
Sob o solo as raízes dialogam,sobre ele pisam histórias que se entrelaçam com as quais minha Tia-avó materna nos contava.
Valdelice Nunes
Novembro/2024
*imagem* arquivo pessoal/autoral