sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Templo

Meu corpo é território 
Regional
Mundial
Plural
Sou tronco
Galhos e raízes
Que se unem ao imortal
Sou mera semente
Germinando continuidade
Perpetuando o todo
Com perfumes de flores
Se balançando ao som
de todos os tambores 
Se propagando pelos mares
Rios, lagoas e lagos
Meu corpo é santuário 
Não tente invadir 
E colonizá-lo
Não pense que pode
Tirar a minha paz
Respeite o diferente 
Sou muito além
De cada julgamento




Valdelice Nunes 
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terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Reflexos

Gente! Uma estranha,veja!
Ela se atreve a me olhar
 fixamente.
Coisa de gente doida...
Meus deuses! Ela diz coisas 
sem nexo.
Não tem como sermos a mesma
 pessoa,
não pode ser.Não sou assim.
Mas ela é o espelho,meu espelho está
 fazendo graça comigo...pare com isso!
Não é a minha imagem refletida,
não sou assim,
essa mulher aparece que agoniza.
Implora por vida,livre dos desconfortos.
Ela vive sem vida, ninguém acredita 
nem ouve quando grita.
O espelho mostra como sobrevive 
às covardias de quem olha e... 
só olha.



Valdelice Nunes 
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sábado, 6 de dezembro de 2025

Páginas Vivas

Era assim,sempre que sentava para responder a lição...os personagens dos livros na estante se materializam.
Algumas vezes,eles até a ajudavam com as pesquisas. Trazendo informações das eras vividas naquelas páginas nem sempre coloridas.
– Pode escrever aí nesse portal de luzes e botões esquisitos,parece uma máquina de escrever,mas você nem sempre escreve. Você fala e as letras se escrevem sozinhas...
E continuou espantada:
– Pergunte ao portal,se antes da era das eras...os indígenas no Brasil já moravam?
Lila,ora ria daqueles modos como seus companheiros de quarto se expressavm. Outras vezes ficava aborrecida.
– Você está tirando minha atenção da atividade com tantas sugestões desnecessárias.
Dizia ela para uma elegante senhora parisiense que deve ter vivido nos anos de 1920.Mas a mulher de pernas finas pouco se importava.
As fadinhas à esquerda,no alto da estante,estavamaravilhadas. Nunca tinham visto coisa tão impressionante como aquela magia cheia de pequenos botões.
– Quero sobrevoar essa floresta tão linda! Mas não consigo atravessar,minha asa não consegue entrar por esse poderoso portal.
– Eu sei que essas luzes confundem,tudo chega aqui na tela do notebook por meio de eletricidade e da internet...isso só um adulto poderia explicar com maior clareza.
Lila olha de um lado para o outro,conversando com seus companheiros de quarto,até adormecer.
Ângela vai até o quarto da filha, é hora do jantar. Abre a porta e Lila está deitada entre livros,rodeada de bonecas.
– Lila! Já te chamei mil vezes...venha,a comida vai esfri...
E fecha a porta com cuidado,após deitar a menina numa posição confortável e cobri-la com seu edredom com estampa de insetos coloridos.




Valdelice Nunes 
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

(Quase) Lidos


Já faz algum tempo 
Que começo e abandono
Algumas leituras
O Processo desses 
Retrocessos me afasta
Dos objetivos iniciais 
Conflitos na rotina
Alteram  os meus planos

O Fim do Mundo é ali...
Na Lira dos Vinte Anos
A poesia se afoga entre
Gemidos e delírios 

Juro que quero concluir
Cada leitura iniciada
Deixando de ser 
o prisioneiro 
Dos mesmos pesadelos 

Enrosca ou Desenrosca?
Estou enroscado num
Trava-línguas e nas adivinhas
Em O Mundo de Sofia
Perdido nas muitas Filosofias

Também há os que já reli
Uma,duas...muitas vezes!
Bisa Bia,Bisa Bel
Alguns cordéis
Além daquele tal
Dom Casmurro que fazendo
insinuações esconde crueldades 
Pela falta de habilidade 
Para externar terríveis 
emoções 

Um dia,no lugar certo...
Dou um basta nessa falta
de progresso
Nenhum livro será 
Lido pela metade


Valdelice Nunes 
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Templo

Meu corpo é território  Regional Mundial Plural Sou tronco Galhos e raízes Que se unem ao imortal Sou mera semente Germinando co...